sexta-feira, 10 de maio de 2013

A saber

Como na página do face, explicarei aqui também. Acontece que a Clo se mudou e se encheu de atividades. Então sentamos, conversamos e percebemos que tá desorganizado demais. Ainsi, vamos mudar tudo. O nome do blog vai ficar, mesmo porque ela faz parte disso, bem como a descrição do blog e as postagens antigas. Só que as postagens dela serão mais escassas a partir de agora, e vocês vão ter de me aguentar. Avec amour, Tereza.




Paradoxical

Ele indicou um filme.
Ela assim o assistiu.
Ele quer o comentário.
Ela esconde que gostiu.

Ele reclamou o direito
De elogiado ser
Por seu gosto arquidireito
E dica boa dum filmê.

Ela não deixa por menos,
E diz que o dever de
Iniciar essa conversa
Não era dela, mas dele.

Ele diz que as mulheres
Gostam muito de falar,
Que ele tinha imaginado
Que ela ia comentar.

Ela retruca dizendo
Que não é "as mulherês"
Que ela é ela e só isso,
E ele tem que perceber.

Ele revela de vez
Que é é gay, se for verdade
O que ela acaba de dizer,
Que ele tem amado um homem
E acabara de perceber.

Ela para e reconhece
Que ouviu declaração
De quem o seu amor oferece
Desconhecendo retribuição

Ela diz que não é homem
E isso dava pra ver
Mas se ele a amava
-e ela assim o esperava
Ela também respondia
Com um "too" a tal querer.

Clo Pês

Jardim Expirado

Ok, deixem primeiro que eu me situe. Se as primeiras linhas forem ruins, não me culpem. Cheguei agora de um universo paralelo, ao qual creio que não volto mais e ponto. Por que eu vou escrever sobre isso? Bem, considerando que eu estava cercada de códigos, algumas palavras com sentido não farão mal. Mas prefiro que tirem suas próprias conclusões.
Há um bom tempo, trocar o que eu chamo de plano de fundo do navegador (porque eu não sei bem o verdadeiro nome) é o meu passatempo rotineiro. Todo dia lá vou eu procurar planos de fundo interessantes sobre Nárnia, O&P, DC Talk e outras preferências. Até que chegou o dia de hoje.
Eu estava atrás de um P(lano)D(e)F(undo) do Sonic Flood e, por não encontrar de jeito nenhum, me ocorreu uma infeliz ideia: por que eu não crio um?
Decidido, vou fazer os meus próprios. Criada a conta, acordo de desenvolvedor "lido" e aceito, só faltava selecionar a imagem e... "seu complemento deve terminar em .xpi, .jar ou .xml".
Silêncio.
-HÃ?
Pior, "depois do envio, uma série de testes de validação automáticos será executada em seu arquivo".
-HÃ?²
Ok, ok, eu achava que era só enviar uma imagem legal e adicionar mais algumas coisas que a própria conta disponibilizaria. Mas, como não é assim, eu tive uma segunda infeliz ideia. A de ler o manual.
Tudo lindo, tudo flores, o manual era em inglês, mas eu mudei pra espanhol e tava lendo lá de boa. Até a hora em que o espanhol acabou. Misteriosamente o texto começou a ficar em inglês e, embora eu saiba um pouco, a leitura foi ficando cansativa, eu comecei a ficar com vontade de escrever e... bem, não passei da segunda página.
A notícia boa é que aqui estou eu! Desisti de vez do meu eu estilo "desenvolvedora" e me conformei com o fato de que nasci pra escrever mesmo. .xpi só em expirar e .jar, só para jardim. Meu negócio é com as letras que façam sentido.

Tereza Vortice

Clichês à parte

"Posso todas as coisas Naquele que me fortalece." Eu sei que parece clichê, eu mesma já falei isso (diversas vezes) sem prestar atenção. Geralmente usamos como uma motivação para encarar um problema, para enfiar de alguma forma -e atrevo-me a dizer que, nesse caso, da mais apelativa possível- na nossa cabeça que a fase difícil vai passar.
Mas, durante um culto onde o pastor pregava em cima dessa passagem, fui despertada ao repetir, a pedido do pastor, o versículo em voz alta: "Posso todas as coisas Naquele que me fortalece". Analisando a frase a fundo, não é difícil perceber que, ao contrário da ideia expressa pelo chavão, o versículo não tem como objetivo nos levar a crer que podemos de tudo (ai como sou ungida!). Muito pelo contrário, ele nos lembra que a condição para podermos "tudo" (ou pelo menos alguma coisa) é estarmos Nele.
Há também o fato de que o "tudo posso" de que Paulo fala nesse trecho não é "tudo o que me vier à cabeça" (ah, Deus quero voar e como posso qualquer coisa em Ti, eu vou me jogar desse prédio e o Senhor vai criar asas em mim de repente, aleluia). Ao dizer que pode "todas as coisas Naquele que o fortalece", em Filipenses 4:13, Paulo está concluindo sua fala que começou lá no versículo 10.
Em suma, ele demonstra alegria pelo cuidado que os destinatários mostraram de novo por ele. E ele vai explicar que sabia que o cuidado não tinha parado por um tempo, mas que apenas não havia encontrado meios de ser expresso. Ele diz que não se sente abandonado, pois aprendeu a se satisfazer com o que tem e também o segredo de estar contente em qualquer situação e apesar das circunstâncias. E qualé o segredo? "Com a força que Cristo me dá, posso enfrentar qualquer situação", vulgo "Tudo posso Naquele que me fortalece".
Resumindo, eu finalmente percebi que Filipenses 4:13 não é um versículo para minha exaltação (eu tenho a força!), muito menos uma promessa de que vou conseguir tudo o que quero. Mas deve me lembrar de que, para que eu me sinta feliz onde quer que eu vá e enfrente qualquer circunstância, eu devo me valer da força que Cristo me dá e que só pode ser conseguida se eu estiver Nele.

Tereza Vortice

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Contos de hospital

Éramos todos iguais. Pelo menos ali, na enfermaria dos convênios, onde ficavam os que não podiam pagar por um apartamento. Dormíamos nas mesmas camas, comíamos à mesma hora e a todos era oferecida uma TV de quatorze polegadas que pegava três canais. Nessas horas sempre se pode apelar para um bom livro ou mesmo para uma caneta e um papel, mas, em verdade, o grande momento do dia estava na manhã. Às nove da matina nos era permitido deixar o monótono quarto marrom para explorar os corredores. Era o meu momento preferido; passar pelo estreito da enfermaria e chegar à varandinha para receber a luz do sol sem interferências ou para admirar o museu e a catedral que se projetavam à frente. Contudo, o sol, o museu e a catedral não bastaram naquele dia. Ávida por uma aventura, deixei minha estreita galeria e me lancei no restante do hospital. Não demorou para que uma escada me chamasse a atenção. Não conseguia ver onde ela ia dar e isso só me aumentou a curiosidade. Vinha vindo alguém e eu tinha que me esconder; sabia que não deveria estar ali mas a bisbilhotice falou mais alto e eu rompi escada acima. Vários lances de escada depois, cheguei numa porta que guardava um som muito estranho. Como se milhões de máquinas operassem exatamente ao mesmo tempo lá dentro. Num impulso levei a mão à maçaneta, queria desvendar o mistério, já não pensava mais. O coração acelerado batia ao ritmo das máquinas numa expectativa tão grande que me decepcionei ao girar a maçaneta. Cinco máquinas de lavar antigas (a idade explica o barulho) eram dirigidas por cinco funcionárias de avental. A primeira delas se virou assim que a porta se abriu e começou a resmungar sobre como crianças eram incovenientes. A segunda nem me viu e a terceira veio me perguntar de que diabo de jeito eu tinha ido parar ali. Ainda paralisada pelo fiasco de "desvendar" uma lavanderia com cinco velhas rabugentas, balbuciei qualquer desculpa em resposta e me apressei em voltar ao meu monótono quarto marrom. Mas a descoberta me havia incentivado. Amanhã eu iria espionar o depósito de vassouras.

Uma nota

No meu tempo, dois reais poderiam significar dinheiro demais ou dinheiro de menos. Para um milkshake, dinheiro de menos. Para um sorvete, dinheiro demais. Eu tinha acabado de sair do colégio a pé, sob o sol da tarde, a farda quente me matando e a sede me consumindo a garganta. Sem drama, nem pressão. O sorvete ficava na esquina da pracinha em que eu deveria esperar minha carona. Lugar lotado, duas atendentes, caos total. Uma delas, atordoada, não demorou em me preparar um Big Sundae com calda de morango, com o qual eu voltei, feliz da vida, ao banquinho da praça. Como todo gelado, acabou incrivelmente rápido, me levando a viver minutos de tédio enquanto meu pai não aparecia.
Comecei a pensar na vida, nas coisas, nas pessoas, na minha situação. Indo para o segundo ano, pobre, casa em construção. Dinheiro em falta. Dinheiro... se eu tivesse mais disso aqui eu ia correndo comprar uma água ou outro sorvete... sorvete... SORVETE! No meio da balbúrdia eu me havia esquecido de pagar o meu pequeno sorvete de creme. Num segundo, eu vi uma garota de farda correndo para a sorveteria da esquina, gritando desculpas, pelo amor de Deus. E entregando os únicos dois reais que tinha no bolso à atendente assustada com o grito ou com a honestidade. Honestamente, não sei. Mas sorri ao pensar que havia feito o certo. E o certo nem sempre traz lucro. Agora, por exemplo, eu não tinha mais dinheiro para outro sorvete. E no fim da história, eu descobriria que meu pai levaria ainda duas horas para chegar. Crise de abstinência ~modeON!


Clo Pês

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Temporada de Verão Cênico.. é na Bahia, minha gente !

Cheguei ontem em casa, dez horas da noite, maravilhada com o progresso da minha cidade. Tinha acabado de chegar de "Os Mentirosos", uma (hilária) peça de teatro do grupo "O Bando de Artes Cínicas", que venceu uma competição de teatro amador em Salvador. A apresentação faz parte do projeto "Temporada Verão Cênico" e, em Jequié, são oito apresentações, ao todo, acontecendo desde 04 de janeiro, de quarta-feira em quarta-feira. Daqui pra frente, teremos ainda três. "Tabatabá" (08 de fevereiro), "Lampião, Com Esse Pecado Não" (15 de fevereiro), aí vem a quarta-feira de cinzas e, a última, "Teodomiro Majestade: As Últimas Horas de um Prefeito" (29 de fevereiro). Mas, já sei o que você tá pensando, e o valor? Essa é a melhor parte: cada pessoa paga (por incrível que pareca) R$ 1,00. Todas apresentações de Jequié acontecem no Centro de Cultura ACM, às 20 horas. Não dá pra faltar, né? Quarta que vem, meu lugar tá garantido : D

Classificados

   Considerando meu amor pelo cinema e meu nulo posicionamento quanto a ele aqui no blog, resolvi separar um cantinho só deles. Essa é a primeiríssima postagem dos "Clássicos", onde a conversa gira em torno de filmes excelentemente incríveis ou nem tanto. E o primeiro classificado não poderia ser outro, senão o meu amor de adolescente e também a mais famosa história de Jane Austen, Orgulho e Preconceito, na sua última adaptação para o cinema (2005). Com Keira Knightley e Matthew MacFadyen vivendo Elizabeth Bennet e Mr. Darcy, o filme traz a emoção da trama para as telonas (ficou até parecendo propaganda, mas juro que saiu da minha cabeça). Alguns dizem não terem ficado satisfeitos por (o filme) não ser fiel ao livro em algumas cenas. Não contradigo. Mas, em defesa de Joe Wright, e até pra falar a verdade, não acuso o filme por isso. Adoro a história do livro, mas além da, digamos, licença poética, creio que ele fez um ótimo trabalho. Assisti o filme antes de ler o livro e admito que depois de lê-lo, passei a olhar a adaptação para o cinema com outros olhos (ei, não é assim que ele pede a mão dela), mas dá pra se fazer uma ligação. Sem contar que Keira fez uma Elizabeth incrível e Matthew, um Mr. Darcy... perfeito.  O único ponto negativo é o final do filme. Eu imagino, depois da última cena, Elizabeth saindo de casa correndo e abraçando Mr. Darcy (daquele jeito que (ela) corre, corre e depois pula na pessoa (ele) com um abraço e ele fica girando ela, sendo que os dois continuam abraçados. Não foi uma descrição das melhores, mas você me entendeu).

P.S.: Depois de muito insistir, meu professor de literatura me deixou fazer um trabalho sobre "Orgulho e Preconceito", mesmo não sendo um "Livro da sala". O resultado foi um organograma com uma das cenas finais do filme. *-*

Recado da Gente
Se você tem alguma sugestão de clássico que gostaria
de ver aqui, mande pra cá. Se identifique, sugira
uma imagem do filme e deixe algumas palavras...
Aos interessados: clo.pes@hotmail.com
ou thev_fewlines@hotmail.com
A gente agradece.
*-*

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O Sorvete e Outras Histórias

Nada melhor do que começar o dia com sorvete de abacaxi...




O sorvete e outras histórias, Carlos Drummond de Andrade. Editora Ática, 2010.

Esse texto é um comentário crítico do livro “O sorvete e outras histórias”, de Carlos Drummond de Andrade, famoso poeta, contista e cronista brasileiro. Nessa obra, o escritor traz quinze histórias que passeiam entre a crônica e o conto, retratando, principalmente em “O sorvete”, o quanto situações corriqueiras podem ser especiais e até mágicas.
Dentre os capítulos apresentados estão “O sorvete”, “A doida”, “Flor, Telefone, Moça”, “A salvação da alma” e “Câmara e cadeia”, onde constam histórias mais detalhadas, ao contrário das demais que abrigam uma narrativa enxuta de minúcias, porém claras e interessantes, ao abordar assuntos comuns a quase todos os leitores. Como um bom exemplo, “A noite da revolta” relata a discussão entre um casal que está junto há já trinta e oito anos e ainda têm ciúmes um do ídolo televisivo do outro. Já as histórias maiores apresentam uma escrita mais clássica, pois os fatos aludem às cidades, escolas e pensamentos da época em que o livro foi escrito, saindo um pouco da realidade atual, mas não perdendo o encanto. Em “O sorvete”, por exemplo, os dois garotos vêm do interior e estudam em um colégio interno, de onde podiam sair sem supervisão da escola apenas aos domingos. Casos assim eram comuns, mais hoje em dia não é mais vulgar frequentar um internato.
As histórias são incríveis, confirmando o brilhante talento de Carlos Drummond de Andrade de mesclar ficção e realidade num livro bem elaborado, que traz momentos mágicos, mas a todo instante nos lembra de que nem tudo é perfeito. Na escrita das histórias não há defeitos, porém a editora deixou a desejar ao não providenciar notas com o significado de algumas palavras incomuns à atualidade. Além do livro em si, a editora simulou uma entrevista com o escritor, com falas autênticas extraídas de depoimentos dados pelo próprio Carlos Drummond de Andrade a jornais da época, que mostra um pouco quem é ele e como fez o livro e nos aproxima do detentor do mérito deste trabalho brilhante.
Por Clo Pês.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A gota d'água

Só pra deixar claro, eu não quero "fugir de casa"



Esses dias eu estava cantando "Pais e Filhos", do Renato Russo, junto com minha mãe e quando chegamos em "é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã..." eu parei e perguntei (afinal) o que é que esse refrão tinha a ver com o título. "Nada tem a ver quando é Renato Russo". Pois é, isso veio da minha mãe, para a minha surpresa. Gosto de cantar com ela porque a boa música sempre cria o ambiente perfeito para uma discussão construtiva. Por exemplo, essa. Assim que ela me disse aquilo começamos a conversar sobre o nada a ver das músicas do Renato Russo e o modo como ele pegava coisas sem sentido ou ligação aparente e juntava numa música incrível. Mas acho que o mais inteligente (ou não) disso tudo é que a única forma de entender as poesias o Renato é sabendo o que ele sentia no momento (isso também entrou na discussão), o que, diga-se de passagem, é meio impossível (o cara era louco). Até porque não dá mais pra fazer entrevista exclusiva. E ele nem deixou uma explicação. Deve ser por isso (o fato de ninguém entender) que a música não foi/é/será esquecida (daqui a cinquenta anos dirão: "lembra daquele cara que escrevia músicas sem sentido?"). O Renato veio, fez, aconteceu, foi-se e até hoje, sem entender, a gente canta "...sou a gota d'água..."

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Amadora Jelly Beans

Há quem ache que doce é coisa de criança. Parando pra pensar, percebi que quase que automaticamente as guloseimas são relacionadas aos pequenos dentro da minha cabeça. Talvez o ditado "..como tirar doce de criança" nos dê a noção que só elas desfrutam dessa maravilha. Ou por acreditarmos ser o mundo dos adultos muito complexo para abranger a multidão de cores que tem um pirulito. Não importa. Sendo o fato que, pensando nisso, resolvi assumir declaradamente o meu amor incondicional por jujubas. Não sou tão adulta a ponto de reverter o pensamento da sociedade, mas como a maioria dos adolescentes é, digamos, doido pra crescer, acho que tá valendo. Então lá vai: Eu Amo Jujubas. Sério. Já briguei por elas. É uma coisa tão linda que uma amiga percebeu e vive comprando jujubas para pôr na baleira da sua casa, porque (segundo ela, eu não tenho nada a ver com essa opinião) só assim eu apareço lá. Não é interesse. É estímulo. E dá certo. Uma vez apareci na casa dela e encontrei míseras seis jujbas esperando por mim. Acontece que outro colega meu tinha ido lá e comido o frasco inteirinho, mas eu não desisto tão fácil. Ele teve que me pagar um saco inteiro de jujubas de ursinho. Desde então minha amiga me avisa assim que a jujuba chega, só pra prevenir de ousados que queiram tomá-las de mim. É uma viagem. Não me lembro se trago esse gosto da infância ou se na adolescência mesmo o adquiri, mas pelo menos agora está registrado que um quase adulto ama doces (que não são nenhum tipo de chocolate). Pena é que não dá pra comprar todo dia. :D