O sorvete e outras histórias, Carlos Drummond de Andrade. Editora Ática, 2010.
Esse texto é um comentário crítico do livro “O sorvete e outras histórias”, de Carlos Drummond de Andrade, famoso poeta, contista e cronista brasileiro. Nessa obra, o escritor traz quinze histórias que passeiam entre a crônica e o conto, retratando, principalmente em “O sorvete”, o quanto situações corriqueiras podem ser especiais e até mágicas.
Dentre os capítulos apresentados estão “O sorvete”, “A doida”, “Flor, Telefone, Moça”, “A salvação da alma” e “Câmara e cadeia”, onde constam histórias mais detalhadas, ao contrário das demais que abrigam uma narrativa enxuta de minúcias, porém claras e interessantes, ao abordar assuntos comuns a quase todos os leitores. Como um bom exemplo, “A noite da revolta” relata a discussão entre um casal que está junto há já trinta e oito anos e ainda têm ciúmes um do ídolo televisivo do outro. Já as histórias maiores apresentam uma escrita mais clássica, pois os fatos aludem às cidades, escolas e pensamentos da época em que o livro foi escrito, saindo um pouco da realidade atual, mas não perdendo o encanto. Em “O sorvete”, por exemplo, os dois garotos vêm do interior e estudam em um colégio interno, de onde podiam sair sem supervisão da escola apenas aos domingos. Casos assim eram comuns, mais hoje em dia não é mais vulgar frequentar um internato.
As histórias são incríveis, confirmando o brilhante talento de Carlos Drummond de Andrade de mesclar ficção e realidade num livro bem elaborado, que traz momentos mágicos, mas a todo instante nos lembra de que nem tudo é perfeito. Na escrita das histórias não há defeitos, porém a editora deixou a desejar ao não providenciar notas com o significado de algumas palavras incomuns à atualidade. Além do livro em si, a editora simulou uma entrevista com o escritor, com falas autênticas extraídas de depoimentos dados pelo próprio Carlos Drummond de Andrade a jornais da época, que mostra um pouco quem é ele e como fez o livro e nos aproxima do detentor do mérito deste trabalho brilhante.
Por Clo Pês.

