terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O Sorvete e Outras Histórias

Nada melhor do que começar o dia com sorvete de abacaxi...




O sorvete e outras histórias, Carlos Drummond de Andrade. Editora Ática, 2010.

Esse texto é um comentário crítico do livro “O sorvete e outras histórias”, de Carlos Drummond de Andrade, famoso poeta, contista e cronista brasileiro. Nessa obra, o escritor traz quinze histórias que passeiam entre a crônica e o conto, retratando, principalmente em “O sorvete”, o quanto situações corriqueiras podem ser especiais e até mágicas.
Dentre os capítulos apresentados estão “O sorvete”, “A doida”, “Flor, Telefone, Moça”, “A salvação da alma” e “Câmara e cadeia”, onde constam histórias mais detalhadas, ao contrário das demais que abrigam uma narrativa enxuta de minúcias, porém claras e interessantes, ao abordar assuntos comuns a quase todos os leitores. Como um bom exemplo, “A noite da revolta” relata a discussão entre um casal que está junto há já trinta e oito anos e ainda têm ciúmes um do ídolo televisivo do outro. Já as histórias maiores apresentam uma escrita mais clássica, pois os fatos aludem às cidades, escolas e pensamentos da época em que o livro foi escrito, saindo um pouco da realidade atual, mas não perdendo o encanto. Em “O sorvete”, por exemplo, os dois garotos vêm do interior e estudam em um colégio interno, de onde podiam sair sem supervisão da escola apenas aos domingos. Casos assim eram comuns, mais hoje em dia não é mais vulgar frequentar um internato.
As histórias são incríveis, confirmando o brilhante talento de Carlos Drummond de Andrade de mesclar ficção e realidade num livro bem elaborado, que traz momentos mágicos, mas a todo instante nos lembra de que nem tudo é perfeito. Na escrita das histórias não há defeitos, porém a editora deixou a desejar ao não providenciar notas com o significado de algumas palavras incomuns à atualidade. Além do livro em si, a editora simulou uma entrevista com o escritor, com falas autênticas extraídas de depoimentos dados pelo próprio Carlos Drummond de Andrade a jornais da época, que mostra um pouco quem é ele e como fez o livro e nos aproxima do detentor do mérito deste trabalho brilhante.
Por Clo Pês.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A gota d'água

Só pra deixar claro, eu não quero "fugir de casa"



Esses dias eu estava cantando "Pais e Filhos", do Renato Russo, junto com minha mãe e quando chegamos em "é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã..." eu parei e perguntei (afinal) o que é que esse refrão tinha a ver com o título. "Nada tem a ver quando é Renato Russo". Pois é, isso veio da minha mãe, para a minha surpresa. Gosto de cantar com ela porque a boa música sempre cria o ambiente perfeito para uma discussão construtiva. Por exemplo, essa. Assim que ela me disse aquilo começamos a conversar sobre o nada a ver das músicas do Renato Russo e o modo como ele pegava coisas sem sentido ou ligação aparente e juntava numa música incrível. Mas acho que o mais inteligente (ou não) disso tudo é que a única forma de entender as poesias o Renato é sabendo o que ele sentia no momento (isso também entrou na discussão), o que, diga-se de passagem, é meio impossível (o cara era louco). Até porque não dá mais pra fazer entrevista exclusiva. E ele nem deixou uma explicação. Deve ser por isso (o fato de ninguém entender) que a música não foi/é/será esquecida (daqui a cinquenta anos dirão: "lembra daquele cara que escrevia músicas sem sentido?"). O Renato veio, fez, aconteceu, foi-se e até hoje, sem entender, a gente canta "...sou a gota d'água..."